“Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário. Aquele que bebe da água viva, faz-se fonte de vida. O depositário torna-se doador” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 195).
Entre as muitas coisas que aprendi com meu “pai na fé”, o Vanderlei, uma delas é que para ser espiritualmente forte o cristão deve trabalhar para Deus e pelo semelhante – e isso ele me ensinou na prática, mesmo antes de eu ser batizado na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Depois que terminei o estudo do Apocalipse e mais uns dois outros cursos bíblicos, o Vanderlei me convidou para ministrar estudos bíblicos para um jovem que morava no bairro Pinheirinho, em Criciúma. De início, o Vanderlei explicava os temas para o rapaz, mas com o tempo foi me passando essa responsabilidade e apenas completava meus comentários. Ele teve a mesma atitude de Jesus com os discípulos dEle: treinou-os para o discipulado. Tenho mais essa dívida de gratidão com o meu “pai na fé”.
No ano anterior à minha aprovação no vestibular da UFSC e de minha mudança para Florianópolis, meu pai havia me dado uma Mobilete usada que o Vanderlei e eu apelidamos de “Evangelista”, já que a usávamos para dar estudos bíblicos em lugares diferentes da cidade. A cena era até hilária, pois éramos grandes demais para a motoneta. Mas ela suportou bem o esforço. E pudemos partilhar as verdades bíblicas com muitas pessoas, inclusive com meus avós, Idalina e José (mais conhecido como Zé Tostão), e minha tia “Neca”. Nessa época, meu avô já estava com a saúde e a mobilidade bem comprometidas devido a alguns derrames cerebrais. A imagem que eu tinha dele era a de um homem forte, enérgico e carinhoso. Por isso era difícil vê-lo naquele estado. O Vanderlei e eu levávamos um velho projetor de slides, projetávamos belas figuras na parede e falávamos da esperança da volta de Jesus e da Nova Terra. Muitas vezes meu avô derramava lágrimas ao ouvir as promessas bíblicas.
Outra missão que nos impusemos foi voltar àquele bairro onde havíamos tido uma experiência missionária frustrada meses antes – e onde o Vanderlei tinha me feito compreender a incoerência de querer pregar o que eu não vivia. Dessa vez, conseguimos ensinar a Bíblia para umas quatro famílias.
Assim que fui batizado, fiz um pacto com Deus de, com a ajuda dEle, levar pelo menos uma pessoa por ano a Jesus. E Deus nunca falhou comigo. As primeiras pessoas que tive o prazer de ver passar pelas águas do batismo graças à atuação do Espírito Santo através do meu trabalho foram a minha mãe e a Emanuela. Em seguida, vieram a tia “Neca” e um jovem chamado Willian Bittencourte, que eu havia conhecido num trabalho missionário interessante no CIS, o colégio no qual eu havia completado o ensino médio.
Durante a aula de religião, uma aluna perguntou à professora sobre a besta do Apocalipse. Como a professora não sabia a resposta, outra aluna, que era membro da Igreja Adventista Central de Criciúma, disse que poderia convidar alguém para falar sobre o tema. A professora aceitou a proposta e a moça me pediu que fosse ao colégio para falar a sua turma. Quando cheguei lá, fiquei surpreso ao descobrir que aquela havia sido minha professora de religião no primeiro ano do ensino médio. Ela ficou muito feliz em saber que eu seria o palestrante. Mas, em lugar de falar sobre a besta do Apocalipse, fiz-lhe uma proposta: se ela me permitisse, poderia desenvolver o assunto em mais aulas, dando aos alunos uma visão geral do livro profético. Ela concordou e disse que eu poderia usar quantas aulas quisesse e que, além disso, poderia utilizar sua cota de fotocópias para reproduzir as lições. Era bom demais para ser verdade!
Foram várias sextas-feiras à noite lecionando gratuitamente para centenas de estudantes. Ao tomar o ônibus para ir para casa, pude perceber que um dos meus alunos – um rapaz de cabelos longos, pretos e escorridos – morava na mesma rua em que meus pais moravam. Fiz amizade com ele e sempre que a aula acabava íamos embora conversando sobre o assunto que eu havia apresentado. Depois, ao invés de ir para sua casa, o Willian parava na minha e ficávamos conversando sobre religião até altas horas da noite. Meses depois, tive que interromper as aulas no colégio (alguns pais de alunos começaram a reclamar da “pregação” deles em casa), mas prossegui os estudos com o Willian. Ele cortou o cabelo, leu o livro O Grande Conflito em algumas semanas, se apaixonou por Jesus e foi batizado.
Lilian (Teca), Willian, Débora e eu, em Joinville, SC, 1994 |
Mais tarde, para a minha tristeza, o Willian acabou abandonando a igreja. Orei durante quinze anos para que ele voltasse para Jesus, até que um dia recebi um e-mail que me deixou tremendamente surpreso. Mais vou deixar que o próprio Willian conte o que aconteceu:
“Meu primeiro contato com a mensagem adventista se deu por volta dos meus quinze anos de idade. Nesse período, eu cursava o ensino médio no Centro Interescolar de Segundo Grau Abílio Paulo (CIS), em Criciúma, SC. A professora de religião de então havia convidado um jovem chamado Michelson Borges para nos ministrar algumas aulas sobre o Apocalipse. Ao longo das aulas, acabei descobrindo que o Michelson morava próximo à minha casa. Sempre, no fim das aulas, pegávamos o ônibus de retorno juntos e ficávamos até altas horas da noite conversando sobre religião e a mensagem da salvação.
“Confesso que a inteligência daquele jovem me impressionava. Todos os questionamentos que eu lhe fazia sobre religião, muitos até em tom provocativo, ele me respondia com paciência e muita convicção. O tempo nos tornou verdadeiros amigos – desses de um frequentar a casa do outro e tudo mais.
“O tempo, a amizade, os estudos da Bíblia e de outros livros me levaram a aceitar Jesus. Fui batizado nas águas. Tornei-me adventista do sétimo dia. Foram realmente dias felizes em minha vida!
“Passado algum tempo, o Michelson precisou se ausentar de Criciúma, já que ele cursava Jornalismo na Universidade Federal, em Florianópolis, capital do nosso Estado. Sua ausência, aos poucos, tornou-se definitiva, e o Michelson passou a frequentar uma igreja em Florianópolis e a morar nessa mesma cidade. Como eu tinha poucos amigos na igreja, e como o Michelson agora pouco vinha a Criciúma, comecei a sair com meus antigos ‘amigos’. E aí deu no que deu. Acabei me afastando da fé.
“Já fora da igreja, me profissionalizei em contabilidade, também me formei em Direito e me pós-graduei em Processo Civil. Posteriormente, em 2005, abri juntamente com um sócio uma empresa na área de assessoria tributária. Obtive muito sucesso profissional. Atualmente [2010], me dedico à profissão de contabilista, sou advogado e empresário. Tenho 32 anos, sou casado e tenho um filho.
“Mas o que mais chama atenção em minha história é o plano que Deus tinha para mim. Sou obrigado a confessar que sempre fui uma pessoa muito ambiciosa. Sempre pensei em estudar para ganhar muito dinheiro. E, nesse aspecto, Deus foi muito generoso comigo. Coisas que jamais imaginei alcançar, mesmo em sonho, Deus me permitiu conseguir. Comprei carro importado dos mais modernos, terrenos em áreas nobres da cidade, cobertura duplex com piscina em bairro chique, frequentava festas sociais, Lions Club, e várias outras coisas com as quais muita gente sonharia.
“Todavia, mesmo tendo conseguido tudo isso, eu não era feliz. Vivia triste, desolado. Alguma coisa me faltava. Tinha tudo, e ao mesmo tempo não tinha nada. Algumas vezes, inclusive, pensei até em fazer coisas piores que não convém aqui nem mencionar...
“Sucesso profissional, bens materiais, juventude (apenas 32 anos de idade), uma linda esposa, um lindo filho, mas na verdade uma pessoa muito infeliz. Esse era o retrato da minha vida.
“Um dia, em uma reunião com um cliente na empresa (o nome dele é Celézio Morona), ele me questionou acerca de minha fé. E eu, muito tristemente, lhe respondi que não tinha nenhuma. Que era infeliz. Incomodado, ele me perguntou: ‘Mas como? E tudo isso que tu tens?’ Respondi-lhe que tudo não passava de ilusão!
“Disse-lhe, então, que na minha juventude havia frequentado uma igreja, e que, naquela época, embora não tivesse nada de bens materiais, eu havia sido muito feliz! Qual não foi minha surpresa quando, com alegria, meu cliente me disse que era adventista; que havia recentemente abraçado a fé e sido convertido. Ficamos, então, conversando por um longo tempo sobre esse assunto.
“Posteriormente, cada vez que esse meu cliente vinha à empresa, nós conversamos sobre religião. Certo dia, meu cliente me perguntou se eu não gostaria de voltar a estudar as Escrituras. Se eu aceitaria fazer estudos bíblicos ministrados por um pastor chamado Arildo Oliveira, segundo ele homem muito consagrado. Prontamente aceitei.
“Logo ao fim do meu primeiro estudo bíblico (numa sexta-feira à tarde), o pastor Arildo me convidou para ir à igreja no outro dia, sábado. Quem iria pregar era um pastor de Florianópolis, muito conhecido. A pregação seria na mesma igreja que eu havia frequentado quando jovem. Disse-lhe que iria pensar.
“No sábado pela manhã, acordei cedo, tomei coragem e fui ao culto. Chegando à igreja, meu coração disparou. Lembrei-me de todos os momentos felizes que havia passado ali naquele local. Mas a surpresa maior ainda estava por vir. Iniciado o culto, o assunto do sermão foi a história do jovem rico. Foi uma das pregações mais lindas que já ouvi em toda a minha vida. Deus estava falando comigo ali, naquele momento, disso eu tenha certeza! Chorei copiosamente o culto inteiro. Não tive vergonha!
“Confesso, aquele sermão me abalou demais. Fiquei estupefato. Tive certeza de que Deus estava me chamando. Chegando em casa, entrei no quarto do meu filho, fechei a porta em secreto, e orei a Deus com todo o meu coração, como nunca antes!
“Em profunda oração, questionei: ‘Meu Deus, se aquela mensagem sobre o jovem rico foi para mim, se o Senhor falou comigo, se o Senhor está me chamando, por favor, me dê um sinal aqui e agora, estou com Tua Palavra sob minhas mãos; vou abrir a Bíblia e se Tu tens alguma coisa para me dizer, me diga.’
“Por incrível que pareça, em lágrimas, ao abrir as Escrituras, deparei-me novamente com a história do jovem rico! Não tive dúvidas. Deus realmente estava me chamando! Tudo aquilo não podia ser coincidência!
“Na semana seguinte, disse ao pastor Arildo que queria ser rebatizado o mais rápido possível. Contei-lhe tudo que tinha acontecido e da certeza que tive de que Deus havia me falado! Fui rebatizado nas águas no dia 21 de novembro. Encontrei novamente minha felicidade!”
Pastor Arildo batiza o Willian, em novembro de 2009 |
*****
Em Florianópolis, também aproveitei as oportunidades que Deus me ofereceu para partilhar o conhecimento de Sua Palavra. Assim que conheci melhor meus dois companheiros de república, ofereci-me para estudar a Bíblia com eles. Eles aceitaram a oferta e nos reuníamos uma noite por semana. Infelizmente, como nossos cursos eram integrais e estudávamos em vários períodos, nossas agendas não mais possibilitavam os encontros. Depois disso, comecei a dar estudos bíblicos para dois colegas de curso.
Quando soube que a Débora estava estudando a Bíblia com a amiga Teca, tive ainda mais certeza de que ela era a resposta às minhas orações, afinal, eu não havia pedido a Deus que simplesmente me enviasse uma namorada, mas que ela tivesse interesse na salvação das pessoas e espírito missionário. Pouco depois de termos iniciado o namoro, a Débora me convidou para dar estudos para sua mãe. A “dona” Lúcia foi batizada alguns meses depois, o que nos trouxe muita alegria.
Apesar do conselho do Sr. Palma (aquele adventista que vendia livros usados no campus e que me motivou a concluir a faculdade de Jornalismo), minha vontade de cursar Teologia ainda era forte.
Depois de quase três anos de namoro, a Débora e eu já falávamos em casamento, mas ainda não tínhamos a vida profissional definida. Meu salário na escola adventista (eu dava poucas aulas) e o dela na creche, como auxiliar de professora, não nos conferia a estabilidade econômica necessária para iniciar a vida a dois.
Foi então que surgiu um negócio de ocasião: uma prima da Débora havia comprado e queria vender um apartamento na planta, num plano habitacional cujas parcelas eu poderia assumir com meu pequeno salário. O “seu” Zulmar ofereceu um quarto da casa dele para a Débora e eu morarmos enquanto o prédio era construído. Praticamente todo o meu salário seria utilizado para pagar as prestações, mas acreditamos que seria um sacrifício válido. Além do mais, depois de estar com as chaves na mão, poderíamos até mesmo vender o apartamento e fazer outros planos. Fechamos o negócio.
Um pouco mais animado com a aquisição do apartamento (que ainda não existia, é verdade), convidei a Débora para irmos até o Instituto Adventista de Ensino (IAE, hoje Unasp), em Engenheiro Coelho, no interior de São Paulo. Eu sabia que as faculdades adventistas tinham planos para bolsistas e que o IAE tinha apartamentos para casais. Não custava tentar algo lá (já que na colportagem eu não havia me dado bem). Se Deus quisesse que eu fosse pastor, as portas se abririam.
Fizemos algumas economias e numa quinta-feira de outubro de 1996 embarcamos no ônibus rumo a São Paulo. Na bagagem, levava, além das roupas, meu portfólio com alguns trabalhos publicados – desenhos e textos. No coração, ansiedade; e na mente, muitos sonhos.
As horas e os quilômetros transcorriam cheios de incertezas. Mas era confortante ter minha noiva ali, ao meu lado, e saber que tanto ela quanto seus pais acreditavam em meu sonho e apoiavam meus projetos. Aquilo me deu forças para ir avante.
Desembarcamos muito apreensivos no terminal Tietê, o maior de São Paulo. Nunca havíamos visto tanta gente circulando rapidamente num só local. Pessoas de todo tipo caminhavam para lá e para cá. Parecia que estávamos no interior de um formigueiro. Segurando firmemente a bagagem e a mão um do outro (duvido que se alguém parasse para nos observar não perceberia que éramos do interior), caminhamos até o guichê da empresa que nos levaria até Campinas e de lá para Engenheiro Coelho. Fomos informados de que o ônibus passava bem em frente à entrada do colégio.
Colocamos nossas bolsas no bagageiro e nos sentamos nas poltronas. À medida que nos distanciávamos da Capital, a paisagem ia mudando. Era tudo bem diferente do que estávamos acostumados a ver no Sul. Não havia montanhas altas, nem tampouco – e obviamente – o mar aparecendo de quando em quando. O horizonte podia ser visto ao longe, entre colinas suaves e verdejantes, geralmente cobertas por pés de cana-de-açúcar. Os minutos se transformaram em horas e eu já estava ficando impaciente quando, finalmente, pude avistar a placa do colégio.
Pedi ao motorista que parasse ali e desembarcamos. Só então descobrimos que teríamos que caminhar uns cinco quilômetros até o portão do colégio. Olhamos um para o outro, demos de ombros e começamos a caminhada pela estrada de pó vermelho (na época ainda não havia asfalto ali). Felizmente, alguns metros depois, um professor parou e nos deu carona.
Assim que chegamos ao prédio administrativo fomos informados de que o diretor do colégio estava viajando e somente retornaria na segunda-feira. Ficamos desolados. Todo aquele esforço para nossos planos terminarem em nada? Na verdade, havíamos sido imprudentes, pois devíamos antes ter telefonado para saber se o diretor estaria ali ou não. Mas agora era tarde e não sabíamos o que fazer. Foi então que a Débora se lembrou de uma moça que havia conhecido quando colportava em Itajaí, a Elisângela. A família dela morava no colégio e o pai cuidava da pecuária.
Caminhamos mais um quilômetro por uma estrada de terra em declive e encontramos a casa da Elisângela. Meio sem jeito, explicamos nossa situação e perguntamos se podíamos pernoitar ali a fim de partirmos no domingo. O “seu” Amós, pai da moça, não somente nos acolheu como fez mais: ofereceu-nos pousada até a segunda-feira para que pudéssemos falar com o diretor. Além disso, quando soube que eu era jornalista e que havia escrito um livro-reportagem sobre a chegada do adventismo ao Brasil, ele se ofereceu para me apresentar ao então diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White e do Centro Nacional da Memória Adventista, Dr. Alberto Timm. Ele estava precisando de um assistente para ajudá-lo a levar avante alguns projetos. Tentaríamos falar com ele naquele mesmo dia.
Estrada que leva ao setor pecuário do Unasp |
Depois do almoço, fui até a casa do Dr. Timm. Ele já me esperava ao lado do seu automóvel. Convidou-me para entrar no carro e explicou que precisava levá-lo ao mecânico na cidade. “Podemos conversar no caminho e enquanto o mecânico verifica o carro.”
Fiquei impressionado com a simplicidade e prestatividade daquele servo de Deus que na época já era um ícone da educação adventista. Com doutorado pela Universidade Andrews, nos Estados Unidos, o Dr. Timm era mundialmente respeitado como teólogo e professor.
Quando chegamos à mecânica, na pequena cidade de Artur Nogueira, a uns sete quilômetros do campus, mostrei meus trabalhos ao Dr. Timm e lhe falei de meus sonhos. Ele manifestou interesse em meus textos e desenhos e disse que precisava de alguém como eu para ajudá-lo no Centro da Memória Adventista. Fiquei empolgado e cheio de esperanças. Seria bom demais trabalhar ao lado de um homem como ele e poder lidar com a história da igreja no Brasil.
De volta ao IAE, antes de me deixar na casa do irmão Amós, o Dr. Timm me aconselhou a falar com o coordenador do curso de Teologia, o Dr. José Carlos Ramos, no domingo de manhã.
Aquela sexta-feira havia sido muito agitada e cansativa. Depois de um banho revigorante e do lanche na casa do irmão Amós, alojado na sala de estar, dormi feito uma pedra.
*****
Acordei com o cantar de galos e o mugir do gado no pasto. Dava para sentir no ar o cheiro da fazenda e da cevada sendo coada na cozinha. A mãe da Elisângela era uma senhora muito simpática e prestativa. Levantei-me depressa para não atrapalhar quem quisesse cruzar a sala e, minutos depois, as duas amigas também já estavam de pé. Fizemos um breve culto e tomamos o desjejum com pão integral e geleia natural. A paz reinava naquela casa e nos sentíamos como hóspedes esperados, apesar de termos aparecido de surpresa. Como era bom estar num verdadeiro lar adventista.
O sábado foi maravilhoso. Assistimos ao culto no auditório principal, ao lado do refeitório (na época, o templo com mais de três mil lugares ainda não havia sido construído). O sermão foi inspirador e pude constatar que o ambiente no colégio era realmente muito agradável. Moços e moças sorridentes, com a Bíblia na mão, caminhavam em meio às árvores, conversando animadamente.
Na manhã de domingo, o irmão Amós me levou para conhecer a leiteria e outras partes do colégio. Naquela época (1996), o IAE tinha apenas treze anos de existência e havia sido desmembrado do campus São Paulo. Futuramente, com a inclusão do campus Hortolândia (Iasp), os três internatos se tornariam o Centro Universitário Adventista de São Paulo. Era maravilhoso imaginar como seria morar e estudar naquela instituição que inspirava sabedoria e santidade. Um sonho bom demais.
Vista aérea do Unasp, campus Engenheiro Coelho |
*****
Às nove horas da manhã, o pastor Walter Boger nos recebeu em sua sala, no prédio administrativo. A Débora e eu falamos de nossos planos de nos casarmos dali dois meses e de meu sonho de estudar teologia e ser pastor. Contei também que o Dr. Timm havia demonstrado interesse em ter-me como auxiliar e que gostaríamos de receber uma bolsa de estudos do colégio. A resposta não foi a que esperávamos:
– Meus jovens, por mais que eu reconheça a nobreza dos planos de vocês, no momento o IAE não pode ajudá-los. Não há condições de admitir mais bolsistas do que já temos. Lamento. O que sugiro é que vocês voltem para Santa Catarina, façam um “pezinho de meia” por lá e voltem com algum dinheiro para se manterem por alguns meses. Depois a gente vê o que pode ser feito.
“Como vamos fazer um ‘pé de meia’ se mal tenho dinheiro para comprar as meias?”, pensei. Olhei para a Débora desolado, agradeci ao diretor por nos ter recebido e voltamos para a casa do irmão Amós, a fim de pegar as bolsas para retornar a São Paulo. Eles ficaram bastante tristes com a notícia. Fizemos uma oração e nos despedimos agradecendo a amizade e a grande hospitalidade da família. (Eu nem imaginava que, anos depois, voltaríamos àquele colégio em circunstâncias bem diferentes.)
A viagem de volta para Santa Catarina foi bastante triste. O futuro parecia não querer sorrir para nós. Pelo menos tínhamos o apartamento...
Agora eu precisava contar para a Débora o meu “plano B”.
16 comentários:
Estou aguardando ânsiosa pelo próximo capitulo da Débora... Deus abençoe vc ricamente...
qual é o plano B?
to curiosa pra ouvir o fina dessa história
tenho certeza que se vcs publicarem um livro com essa maravilhosa história venderia muito, pois ela é muito linda e emocionante
Plano B! Essa foi boa... Estou anciosa pelos proximos capitulos, POR FAVOR não demorem a postar.
Que DEUS continue lhes abençoando.
Bjs
Linda historia emocionante.estou ansiosa para ler o resto.E que Deus lhes abencoe.Paula Pastor Canada.
Querido irmão ...quantas delicisas historias que vc tem ...certamente deverias escreves em forma de livro..
Tens alguma fot do Pastor Walter Boger??
ja virou livro?
Olá, Cla.
Por enquanto, não está em nossos planos.
cadê o plano B???????
Rosy
Olá, Michelson e Débora, já venho acompanhando o blog criacionismo a algum tempo. E nos Blogs relacionados descobri este, e o achei muito inspirador, gostei muito das histórias vividas por vôces e tirei muitas experiências dela para a minha vida, já a recomendei para minha namorada que é aí de Santa Catarina, espero que Deus possa continuar abençoando vocês e este importante trabalho. Aguardo Ansioso pelas próximas postagens ou notícias sobre esse trabalho. Fique com Deus
Olá, Débora e Michelson.
Michelson, já havia ouvido falar de você. Sou adventista há apenas dois anos e alguns meses, portanto, num sabia muito a seu respeito e nem a respeito de ninguém. Estou começando a descobrir coisas novas agora... Por ser de Brasília, já havia ouvido falar de você na sociedade criacionista. Ouço falar bem de seus livros. Mas, por enquanto, o único que comecei a ler foi este e-book seu e da sua esposa Débora. Confesso que gostei muito.. tanto que passei hoje, mais de 6h lendo... Se duvidar, deram bem umas oito. Já devem ter percebido que li tudo de uma vez, né....rs. Depois de hoje, apenas constatei mais uma vez o quanto leio devagar.
Quero fazer Jornalismo, apesar de minha familia dizer que tenho que fazer medicina, até pra ter mais flexibilidade na minha vida profissional, justamente por guardar o sábado. Mas essa é outra história... Só gostaria de dizer que estou aprendendo com suas histórias, Michelson, inclusive sobre a minha possível futura profissão.
E Débora, gostei muito do jeito que você escreve. Dá um ar diferente nesse e-book. Linda a ideia e os escritos.
Que Deus continue cuidando, inspirando e usando vocês, individualmente, e como o casal que Deus uniu.
Até o próximo post (pelo qual espero que venha logo!)
Julia Castilho.
Parabéns.Livro maravilhoso e inspirador.Principalmente para os estudantes adventistas,que tem que enfrentar desafios.
O que aconteceu com Willian?
Qual o plano B?
Estou anciosa pelo procimo capítulo.
Gostei muito de todos os capitulos até aqui, mas estou esperando o restante queremos ler o "final"dessa história....
Que Deus continue abençoando !!!!
Jéssica Brites
Caríssimos Débora e Michelson,
Lendo a história de vocês, e vendo o ponto de vista de cada um em cada acontecimeno, eu passei a amá-los ainda mais, a ter um apreço maior pelo casal que tão bem nos tem feito com os seus conteúdos via internet. Gostava muito do Michelson, que passei a admirar pelos seus blogs, e agora, ainda mais, pois conheci um pouco da trajetória de vocês, e devoção.
Vocês me fizeram ver que Deus é um artista, um pintor, e ele adora pintar uma bela história, principalmente de romance, na vida de seus filhos. Vocês me encorajaram a esperar no Senhor, pois sou jovem e solteiro.
A história de vocês foi tão fascinante para mim que hoje não consegui fazer nada mais além de lê-la, e ficar imaginando cada acontecimento.
Desejo muitas felicidades, e que Deus muito vos abençoe!
Michelson quando vc vai postar os outors capitulos, estou anciosa para saber o fim dessa história. Que continue abençoando vc e sua família.
há algum tempo venho esperando pelo próximo cápitulo...cadê?...
=l bah..
gente.... termina logo termina logo.. (eu sei que não é tão fácil assim e que vocês tem mil coisas pra fazer mas.. )
aguardamos anciosamente
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